Arquivo da categoria: Gramática – Português

Anexo ou em anexo?

“Anexo” ou “em anexo”

A gramática aceita a concordância direta ou o termo acompanhado da preposição “em”. Assim, podemos escrever:

segue decisão anexa

segue documento anexo

seguem contratos anexos

seguem decisões anexas

Podemos, também, manter-se invariável com a preposição “em”:

segue decisão em anexo

segue documento em anexo

seguem contratos em anexo

seguem decisões em anexo

As duas formas estão corretas pela gramática. No entanto, a redação oficial orienta o uso apenas do primeiro caso (concordando com o referente). Na linguagem jurídica, prefira a concordância direta (sem a preposição “em”).

Observações:

1. erro muito comum é manter o verbo no singular mesmo com o sujeito no plural. Observe.

Segue anexos os documentos (inadequado).

Seguem anexos os documentos (adequado).

2. outro erro comum é o uso da vírgula. Observe exemplos.

Os documentos seguem anexos (pontuação adequada).

Seguem anexos os documentos (pontuação adequada).

Seguem, anexos, os documentos (pontuação inadequada).

Seguem, em anexo, os documentos (pontuação adequada).

Nota: o terceiro exemplo está inadequado, pois o adjetivo “anexos” funciona como predicativo do sujeito e está na ordem direta. O sujeito “os documentos” está deslocado e não pede vírgula. O quarto exemplo apresenta vírgulas opcionais.

“Dia a dia” ou “dia-a-dia”? Com ou sem hífen?

Sem demora: a forma correta de se escrever “dia a dia” é assim mesmo, sem hífen.

Mas por que então dá tanta impressão de que o certo seria grafar o termo com hífen?

Essa é uma dúvida que surgiu com o Novo Acordo da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em 2006. Até essa data, “dia a dia” podia ser escrito com ou sem hífen, dependendo de seu uso.

Quando a expressão era uma locução substantiva, ou seja fazia as vezes de substantivo e era sinônimo de “rotina, cotidiano”, ela era escrita com hífen. Um exemplo: “O dia-a-dia de quem trabalha em um hospital é muito corrido”.

Já quando “dia a dia” tinha função de advérbio, substituindo o termo “um dia depois do outro” ou “diariamente”, ele era escrito sem hífen. Assim: “A previsão do tempo é atualizada dia a dia”.

O objetivo do Acordo de 2006, então, foi simplificar a vida de quem escreve e estabelecer que “dia a dia” deve ser sempre escrito sem hífen, não importando a forma como a expressão é usada. Isso vale para todos os tipos de locução: substantivas, adverbiais, adjetivas, pronominais etc. Em todos esses casos, não se utiliza mais o hífen.

Exemplos de uso:

Meu dia a dia está uma loucura.

Os desafios no meu trabalho aumentam dia a dia.


O atual acordo ortográfico define que não deve ser usado o hífen em locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais. Logo, a forma correta de escrita da expressão é dia a dia, sem hífen.

Antes do acordo ortográfico, as formas “dia a dia” e “dia-a-dia” existiam, sendo que o hífen era usado para destacar funções diferentes: quando tinha sentido de cotidiano (substantivo), usava-se hífen; quando tinha sentido de diariamente (advérbio), o hífen não era usado.

Logo, na hora de escrever essa expressão, esqueça o hífen. Exemplos:

 O funcionário melhora dia a dia os seus resultados.

 André contou um pouco do seu dia a dia.

 Dia a dia vai melhorando a saúde do paciente.

 O dia a dia do profissional de vendas é bastante cansativo.

 No ambiente corporativo, convivemos dia a dia com muitos conflitos.

Não use crase

Nunca escreva “dia à dia”. Não ocorre crase em expressões com palavras repetidas, quer sejam palavras masculinas ou femininas. Ou seja, assim como “dia a dia”, “passo a passo”, “cara a cara” e “frente a frente” são exemplos de expressões sem crase.

Pontuação – Gramática

Pontuação

Existem 13 sinais de pontuação:

  1. ASPAS { ” ” } ou { ‘ ‘ };
  2. ASTERISCO { * };
  3. COLCHETES { [ ] };
  4. DOIS-PONTOS { : };
  5. PARÁGRAFOS { § };
  6. PARÊNTESES { ( ) };
  7. PONTO-DE-EXCLAMAÇÃO { ! };
  8. PONTO-DE-INTERROGAÇÃO { ? };
  9. PONTO-E-VÍRGULA { ; };
  10. PONTO FINAL { . };
  11. RETICÊNCIAS { … };
  12. TRAVESSÃO { – };
  13. VÍRGULA [ , ].

Observação: A chave e a barra não são sinais de pontuação.

Os oito casos em que a vírgula é proibida são:

  1. Entre sujeito e verbo e entre sujeito e predicado.
  2. Entre verbo e objeto.
  3. Entre objeto e objeto.
  4. Entre verbo e predicativo (logo após o verbo).
  5. Entre verbo e adjunto adverbial (logo após o verbo).
  6. Entre nome e adjunto adnominal.
  7. Entre nome e complemento nominal.
  8. Entre oração principal e oração subordinada substantiva (menos a oração apositiva, que apresenta a vírgula ou os dois-pontos).

Exemplos dos oito casos em que a vírgula é proibida.

01) Entre sujeito e verbo:

a) “O homem precisa de Deus.” (D. Paulo Evaristo Arns)

b) “Os dois irmãos ainda brigavam.” (Machado de Assis)

c) “Eles próprios tinham reconhecido o erro.” (Ciro dos Anjos)

d) “Viver é muito perigoso.” (João G. Rosa)

e) “Um lindo colar de pérolas enfeitava o colo perfeito.” (José de Alencar)

f) Vendem-se joias caras.

g) Chegavam todos acompanhados.

h) Estava alegre o noivo e os convidados.

i) Fugiram, apavorados, os ladrões. (Observação: as duas vírgulas não separam o sujeito do verbo, e sim, intercalam o predicativo do sujeito).

j) Falta resolver cinco questões.

oração – gramática

O que é oração?

A oração é o enunciado que se organiza em torno de um verbo ou de uma locução verbal. Elas podem ou não ter sentido completo. Por exemplo, em uma período composto por subordinação a oração principal não terá sentido completo sem a presença da oração subordinada.

Exemplos de oração:

  • Acabamos, finalmente!
  • Levaram tudo.
  • É provável.
  • Embora tenha chovido durante a viagem…

Tipos de oração

Dependendo da relação sintática estabelecida, as orações são classificadas de duas maneiras:

  1. Orações coordenadas: são orações independentes onde não existe relação sintática entre elas e, por isso, possuem um sentido completo. Exemplo: Fomos para o Congresso e apresentamos o artigo. (Oração 1: Fomos ao Congresso; Oração 2: apresentamos o artigo.).
  2. Orações subordinadas: são orações dependentes onde uma está subordinada à outra e, por isso, sozinhas não possuem um sentido completo. Exemplo: É possível que Juliana não faça a prova. (Oração 1: É possível; Oração 2: que Juliana não faça a prova.).

Os termos essenciais da oração

As orações são estruturadas em torno de um sujeito e de um predicado que, por isso, são chamados de termos essenciais da oração.

O sujeito é o elemento da oração sobre o qual se declara algo, enquanto predicado é a declaração feita sobre o sujeito.

Exemplo: Os alunos homenagearam o professor.

Sujeito: Os alunos
Predicado: homenagearam o professor.

Há outros termos que completam o sentido de outros (termos integrantes da oração) e termos presentes na oração que poderiam ser retirados da mesma sem que o seu sentido fosse afetado (termos acessórios da oração).

Diferença entre Frase, Oração e Período

Fraseoraçãoperíodo
Enunciado que transmite uma mensagem com sentido completo e que pode conter, ou não conter, verbo ou locução verbal (dois ou mais verbos que equivalem a um só).Enunciado que contém verbo ou locução verbal e que se estrutura através de sujeito e predicado (ou apenas de predicado). Pode não ter sentido completo.Frase formada por uma ou mais orações.
Exemplo: Que festa animada!Exemplo: A festa está animada!Exemplo: A festa está animada, mas poderia estar mais.
Neste exemplo, o enunciado transmite uma mensagem completa e não contém verbo, portanto, é uma frase.Neste exemplo, a frase contém verbo e se estrutura através de sujeito (a festa) e de predicado (está animada), portanto, é uma oração.Neste exemplo, a frase é formada por duas orações. “A festa está animada” é uma oração e “mas poderia estar mais” é outra oração, portanto, é um período.

frase – gramática

O que é frase?

Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não. A frase exprime, através da fala ou da escrita:

– ideias
– emoções
– ordens
– apelos

A frase se define pelo seu propósito comunicativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a situação em que é utilizada.

Exemplos:

O Brasil possui um grande potencial turístico.
Espantoso!
Não vá embora.
Silêncio!
O telefone está tocando.

Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação pode vir acompanhada por gestos,  expressões do rosto, do olhar, além de ser complementada pela situação em que o falante se encontra. Esses fatos contribuem para que frequentemente surjam frases muito simples, formadas por apenas uma  palavra. Observe:

Rua!
Ai!

Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acompanhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfazer suas necessidades expressivas.

Na língua escrita, a entoação é representada pelos sinais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é fornecido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário que as frases escritas sejam linguisticamente mais completas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obedecer as regras gerais da língua. Portanto, a organização e a ordenação dos elementos formadores da frase devem seguir os padrões da língua. Por isso é que:

  • As meninas estavam alegres.

constitui uma frase, enquanto:

  • Alegres meninas estavam as.

não é considerada uma frase da língua portuguesa sendo considerados apenas vocábulos soltos na língua portuguesa.

Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser integralmente captados se atentarmos para o contexto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase “Que educação!”, usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que aparentemente diz.

A entoação é um elemento muito importante da frase falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo de como é dita, uma frase simples como “É ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontuação podem agir como definidores do sentido das frases.

Desse modo, na escrita a “Frase” é todo o enunciado linguístico que tem sentido completo e termina com uma pausa pontuada.

Não é necessário haver verbo para a formação de uma frase quando o que foi enunciado tem sentido completo. Frase que não possui verbo ou locução verbal é denominada frase nominal. Frase que possui verbo ou locução verbal é denominada frase verbal.

Exemplos de frases:

  • Silêncio!
  • E agora, José?
  • Choveu.
  • Não sei o que dizer…

As frases são marcadas por entonação que, na escrita, ocorrem com o recurso dos sinais de pontuação. Sem a pontuação, as palavras são apenas vocábulos soltos.


Tipos de frases

  1. Frases declarativas: o emissor da mensagem constata algum fato de maneira afirmativa ou negativa. Exemplos: O curso termina esse ano. (afirmativa); O curso não termina esse ano. (negativa).
  2. Frases interrogativas: o emissor da mensagem interroga sobre algo direta ou indiretamente. Exemplos: — Você quer comer? (pergunta direta); Gostaria de saber se você quer comer. (pergunta indireta).
  3. Frases exclamativas: o emissor da mensagem manifesta emoção, surpresa. Exemplos: Que lindo!; Puxa vida!
  4. Frases imperativas: o emissor da mensagem emite uma ordem, conselho ou pedido, seja de maneira afirmativa ou negativa. Exemplos: Faça o almoço! (afirmativa); Não faça o almoço! (negativa).
  5. Frases optativas: o emissor da mensagem expressa o desejo sobre algo. Exemplo: Que Deus te acompanhe!; Muitas felicidades nessa nova fase!

Diferença entre Frase, Oração e Período

Fraseoraçãoperíodo
Enunciado que transmite uma mensagem com sentido completo e que pode conter, ou não conter, verbo ou locução verbal (dois ou mais verbos que equivalem a um só).Enunciado que contém verbo ou locução verbal e que se estrutura através de sujeito e predicado (ou apenas de predicado). Pode não ter sentido completo.Frase formada por uma ou mais orações.
Exemplo: Que festa animada!Exemplo: A festa está animada!Exemplo: A festa está animada, mas poderia estar mais.
Neste exemplo, o enunciado transmite uma mensagem completa e não contém verbo, portanto, é uma frase.Neste exemplo, a frase contém verbo e se estrutura através de sujeito (a festa) e de predicado (está animada), portanto, é uma oração.Neste exemplo, a frase é formada por duas orações. “A festa está animada” é uma oração e “mas poderia estar mais” é outra oração, portanto, é um período.

período – gramática

O que é período?

Período é a frase organizada em uma ou mais orações. O período pode ser simples ou composto.


Tipos de período

  1. Período Simples

O período simples é formado por somente uma oração agrupada em torno de um único verbo ou de uma única locução verbal. Quando isso ocorre, o período é denominado oração absoluta.

Exemplos de período simples:

  • Estamos felizes com os resultados.
  • Faltam apenas alguns dias.
  • Talvez eu .

  1. Período Composto

O período composto é formado por mais de uma oração. Nesse caso, a quantidade de orações é sujeita ao número de verbos ou de locuções verbais.

Exemplos de período composto:

  • Faça como eu pedi.
  • Não sei se tenho coragem.
  • Começou a gritar enquanto ele ia passando.

Diferença entre Frase, Oração e Período

Fraseoraçãoperíodo
Enunciado que transmite uma mensagem com sentido completo e que pode conter, ou não conter, verbo ou locução verbal (dois ou mais verbos que equivalem a um só).Enunciado que contém verbo ou locução verbal e que se estrutura através de sujeito e predicado (ou apenas de predicado). Pode não ter sentido completo.Frase formada por uma ou mais orações.
Exemplo: Que festa animada!Exemplo: A festa está animada!Exemplo: A festa está animada, mas poderia estar mais.
Neste exemplo, o enunciado transmite uma mensagem completa e não contém verbo, portanto, é uma frase.Neste exemplo, a frase contém verbo e se estrutura através de sujeito (a festa) e de predicado (está animada), portanto, é uma oração.Neste exemplo, a frase é formada por duas orações. “A festa está animada” é uma oração e “mas poderia estar mais” é outra oração, portanto, é um período.

Regência Verbal

Introdução

Pressupostos teóricos

  1. Regência

Derivado de reger, ‘governar, comandar, dirigir’, é natural que regência signifique ‘governo, comando, direção’.

Em Gramática, emprega-se o termo em sentido amplo e restrito. Em sentido amplo, regência equivale a subordinação em geral. Em ‘chuva grossa’, por exemplo, o substantivo ‘chuva’ rege, isto é, subordina, o adjetivo ‘grossa’, e em ‘trabalha muito’, o verbo ‘trabalha’ subordina o advérbio ‘muito’. ‘Chuva’ e ‘trabalha’ são as palavras regentes (subordinantes); ‘grossa’ e ‘muito’, as palavras regidas (subordinadas).

Artigos, pronomes adjetivos, numerais e (nomes) adjetivos são regidos pelos substantivos, que lhes comandam a forma pelo processo da concordância nominal: o seu primeiro LIVRO encadernado / a sua primeira OBRA encadernada, os seus primeiros livros encadernados. Quando sujeito, o substantivo (nome ou pronome) rege ainda o número e a pessoa do verbo pelo processo da concordância verbal: o LIVRO ensina / os LIVROS ensinam, EU ensino, TU ensinas, NÓS ensinamos, etc. Como se vê, a concordância é efeito da regência.

Conjugação de um verbo com pronome oblíquo átono

Verbo com pronome oblíquo átono (sem ser pronominal): tipo pô-lo – O verbo pode acompanhar-se de um pronome oblíquo átono que não se refira ao pronome reto, isto é, ao sujeito:

  • Eu o vi.
  • Nós te admiramos.
  • Ela o chama.

Quando os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as estiverem depois do verbo ou no meio modificam-se de acordo com o final do verbo a que se acham pospostos:

a) se o verbo terminar por vogal ou semivogal oral, os pronomes aparecem inalterados: ponho-o, ponho-a, ponho-os, ponho-as; dei-o, dei-a.

b) se o verbo terminar por r, s ou z, desaparecem estas consoantes e os pronomes aparecem nas antigas formas lo, la, los, las:

pôr + lo = pô-lo; pôes + lo = pôe-lo; diz + lo = di-lo; deixar + lo + ia = deixá-lo-ia

Observações:

  • Recorde-se a acentuação dos oxítonos estudada na pág. 608.
  • Se o verbo termina por ns, o n passará a m: tens + lo = tem-lo.

c) se o verbo terminar por som nasal (m ou sílaba com til), os pronomes assumem as formas no, na, nos, nas:

põe + o = põe-no; viram + a = viram-na.

Nota – Se os pronomes vêm antes do verbo, não há nenhuma alteração nos pronomes e no verbo:

Ele o põe ali.

Eu o fim.

Nós o entregamos.

Observação:

  • Alguns autores chamam pronominais reflexos ao verbos na voz reflexiva (vestir-se) e pronominais irreflexivos (ou não reflexos) aos verbos do tipo de ‘pô-lo’.
  • Acompanhado de outro pronome que não esteja nos dois casos até aqui apontados, nenhuma alteração ocorre no verbo e no pronome posposto: conhecemos-te, chamamos-lhe, requeremos-lhe, etc. Evitem-se, portanto, enviamo-lhe, informamo-lhe!